Já no início da história humana, começou Satanás seus esforços para enganar a nossa raça. Aquele que incitara rebelião no Céu, desejou levar os habitantes da Terra a unirem-se com ele em luta contra o governo de Deus. Adão e Eva tinham sido perfeitamente felizes na obediência à lei divina, e esse fato era um testemunho constante contra a alegação em que insistira Satanás no Céu, de que a lei de Deus era opressiva, e se opunha ao bem-estar de Suas criaturas. E, demais, despertou-se a inveja de Satanás ao olhar ele para o belo lar preparado para o inocente casal. Decidiu-se a causar a sua queda, a fim de que, tendo-se separado de Deus e trazido sob o seu poder, pudesse obter posse da Terra, e aqui estabelecer o seu reino em oposição do Altíssimo.
Houvesse Satanás se manifestado em seu verdadeiro caráter, e teria sido repelido de pronto, pois Adão e Eva tinham sido advertidos contra este perigoso adversário; ele, porém, operou na treva, ocultando seu propósito, para que mais eficazmente pudesse realizar o seu objetivo. Empregando como seu intermediário a serpente, então criatura de fascinante aspecto, dirigiu-se a Eva: "É assim que Deus disse: Não comereis de toda a árvore do jardim?" Gên. 3:1. Se Eva se tivesse evitado de entrar em argumentação com o tentador, teria estado em segurança; mas arriscou-se a conversar com ele, e caiu vítima de seus enganos. É assim que muitos ainda são vencidos. Duvidam e argumentam com relação aos preceitos de Deus; e, ao invés de obedecerem aos mandados divinos, aceitam teorias humanas, que tão-somente disfarçam as armadilhas de Satanás.
"Disse a mulher à serpente: Do fruto das árvores do jardim comeremos, mas do fruto da árvore que está no meio do jardim, disse Deus: Não comereis dele, nem nele tocareis, para que não morrais. Então a serpente disse à mulher: Certamente não morrereis. Porque Deus sabe que no dia em que dele comerdes se abrirão os vossos olhos, e sereis como Deus, sabendo o bem e o mal." Gên. 3:2-5. A serpente declarou que se tornariam como Deus, possuindo maior sabedoria que antes, e sendo capazes de uma condição mais elevada de existência. Eva cedeu à tentação; e, por sua influência, Adão foi levado ao pecado. Aceitaram as palavras da serpente, de que Deus não queria dizer o que falara; desconfiaram de seu Criador, e imaginaram que Ele estava a restringir-lhes a liberdade, e que poderiam obter grande sabedoria e exaltação, por transgredir Sua lei.
Mas como compreendeu Adão, depois de seu pecado, o sentido das palavras: "No dia em que dela comeres, certamente morrerás"? Achou que elas significavam, conforme Satanás o tinha levado a crer, que ele deveria ser introduzido em condição mais elevada de existência? Nesse caso haveria, na verdade, grande bem a ganhar pela transgressão, e Satanás se demonstraria um benfeitor da raça. Mas Adão não achou ser este o sentido da sentença divina. Deus declarou que, como pena de seu pecado, o homem voltaria à terra donde fora tirado: "És pó, e em pó te tornarás." Gên. 3:19. As palavras de Satanás: "... se abrirão os vossos olhos", mostraram-se verdadeiras apenas neste sentido: Depois que Adão e Eva desobedeceram a Deus, seus olhos se abriram para discernirem a sua loucura; conheceram o mal, e provaram o amargo fruto da transgressão.
No meio do Éden crescia a árvore da vida, cujo fruto tinha o poder de perpetuar a vida. Se Adão tivesse permanecido obediente a Deus, teria continuado a gozar livre acesso àquela árvore, e teria vivido para sempre. Mas, quando pecou, foi despojado da participação da árvore da vida, tornando-se sujeito à morte. A sentença divina: "Tu és pó, e em pó te tornarás" - indica completa extinção da vida.
A imortalidade, prometida ao homem sob condição de obediência, foi perdida pela transgressão. Adão não poderia transmitir à sua posteridade aquilo que não possuía; e não poderia haver esperança alguma para a raça decaída, se, pelo sacrifício de Seu Filho, Deus não houvesse trazido a imortalidade ao seu alcance. Ao passo que "a morte passou a todos os homens, por isso que todos pecaram", Cristo "trouxe à luz a vida e a incorrupção pelo evangelho". Rom. 5:12; II Tim. 1:10. E unicamente por meio de Cristo pode a imortalidade ser obtida. Disse Jesus: "Aquele que crê no Filho tem a vida eterna; mas aquele que não crê no Filho não terá a vida." João 3:36. Todo homem pode alcançar a posse desta inapreciável bênção, se satisfizer as condições. Todos os que, "com perseverança em fazer bem, procuram glória, e honra e incorrupção", receberão "vida eterna". Rom. 2:7.
O único que prometeu a Adão vida em desobediência foi o grande enganador. E a declaração da serpente a Eva, no Éden - "Certamente não morrereis" - foi o primeiro sermão pregado acerca da imortalidade da alma. Todavia, esta declaração, repousando apenas na autoridade de Satanás, ecoa dos púlpitos da cristandade, e é recebida pela maior parte da humanidade tão facilmente como o foi pelos nossos primeiros pais. À sentença divina: "A alma que pecar, essa morrerá" (Ezeq. 18:20), é dada a significação: A alma que pecar, essa não morrerá, mas viverá eternamente. Não podemos senão nos admirar da estranha fatuidade que tão crédulos torna os homens com relação às palavras de Satanás, e incrédulos com respeito às palavras de Deus.
Houvesse ao homem sido permitido franco acesso à árvore da vida, após a sua queda, e teria ele vivido para sempre, sendo assim imortalizado o pecado. Querubins e uma espada chamejante, porém, guardavam "o caminho da árvore da vida" (Gên. 3:24), e a nenhum membro da família de Adão foi permitido passar aquela barreira e participar do fruto doador da vida. Não há, portanto, pecador algum imortal.
Mas, depois da queda, Satanás ordenou a seus anjos que fizessem um esforço especial a fim de inculcar a crença da imortalidade inerente do homem; e, tendo induzido o povo a receber este erro, deveriam levá-lo a concluir que o pecador viveria em estado de eterna miséria. Agora o príncipe das trevas, operando por meio de seus agentes, representa a Deus como um tirano vingativo, declarando que Ele mergulha no inferno todos os que não Lhe agradam, e faz com que sempre sintam a Sua ira; e que, enquanto sofrem angústia indizível, e se contorcem nas chamas eternas, Seu Criador para eles olha com satisfação.
Assim o príncipe dos demônios reveste com seus próprios atributos ao Criador e Benfeitor da humanidade. A crueldade é satânica. Deus é amor: e tudo quanto criou era puro, santo e formoso, até o pecado ser introduzido pelo primeiro grande rebelde. Satanás mesmo é o inimigo que tenta o homem a pecar, e então o destrói, se o pode fazer; e, ao se ter assenhoreado de sua vítima, exulta na ruína que efetuou. Se lhe fosse permitido, colheria o gênero humano todo em sua rede. Não fosse a interposição do poder divino, nenhum filho ou filha de Adão escaparia.
Satanás está procurando vencer os homens hoje, assim como venceu nossos primeiros pais, abalando-lhes a confiança em seu Criador, e levando-os a duvidar da sabedoria de Seu governo e da justiça de Suas leis. Satanás e seus emissários representam a Deus como sendo mesmo pior do que eles, a fim de justificar sua própria malignidade e rebelião. O grande enganador esforça-se por transferir sua própria horrível crueldade de caráter para nosso Pai celestial, a fim de fazer-se parecer como alguém grandemente lesado pela sua expulsão do Céu, visto não haver desejado sujeitar-se a um governador tão injusto. Apresenta perante o mundo a liberdade que este pode gozar sob seu domínio suave, em contraste com a servidão imposta pelos severos decretos de Jeová. Desta maneira consegue desviar as almas de sua fidelidade a Deus.
Quão repugnante a todo sentimento de amor e misericórdia, e mesmo ao nosso senso de justiça, é a doutrina de que os ímpios mortos são atormentados com fogo e enxofre num inferno eternamente a arder; que pelos pecados de uma breve vida terrestre sofrerão tortura enquanto Deus existir! Contudo esta doutrina tem sido largamente ensinada, e ainda se acha incorporada em muitos credos da cristandade. Disse ilustrado doutor em teologia: "A vista dos tormentos do inferno exaltará para sempre a felicidade dos santos. Quando vêem outros que são da mesma natureza e nascidos sob as mesmas circunstâncias, mergulhados em tal desgraça, e eles distinguidos de tal maneira, isto os fará sentir quão felizes são." Outro empregou estas palavras: "Enquanto o decreto da condenação está sendo eternamente executado sobre os vasos da ira, o fumo de seu tormento estará sempre e sempre a ascender à vista dos vasos de misericórdia, que, em vez de se compadecerem daquelas miseráveis criaturas, dirão: Amém, Aleluia! louvai ao Senhor!"
Onde, nas páginas da Palavra de Deus, se encontra tal ensino? Perderão os remidos no Céu todo sentimento de piedade e compaixão, e mesmo os sentimentos comuns de humanidade? Devem tais sentimentos ser trocados pela indiferença do estóico, ou a crueldade do selvagem? Não, absolutamente; não é este o ensino do Livro de Deus. Os que apresentaram as opiniões expressas nas citações acima, podem ser homens ilustrados e mesmo sinceros; mas estão iludidos pelos sofismas de Satanás. Este os leva a interpretar mal terminantes expressões das Escrituras, dando à linguagem a coloração de amargura e malignidade que a ele pertence, mas não ao Criador. "Vivo Eu, diz o Senhor Jeová, que não tenho prazer na morte do ímpio, mas em que o ímpio se converterá do seu caminho, e viva. Convertei-vos, convertei-vos dos vossos maus caminhos; pois por que razão morrereis?" Ezeq. 33:11.
Que ganharia Deus se admitíssemos que Ele Se deleita em testemunhar incessantes torturas; que Se alegra com os gemidos, gritos e imprecações das sofredoras criaturas por Ele retidas nas chamas do inferno? Poderão esses terríveis sons ser música aos ouvidos do Amor infinito? Insiste-se em que a aplicação de intérmino sofrimento aos ímpios mostraria o ódio de Deus ao pecado, como a um mal ruinoso à paz e à ordem do Universo. Terrível blasfêmia! Como se o ódio de Deus ao pecado seja a razão por que este se perpetua. Pois, segundo os ensinos desses teólogos, a contínua tortura sem esperança de misericórdia enlouquece suas infelizes vítimas, e, ao derramarem elas sua cólera em maldições e blasfêmias, estão para sempre aumentando sua carga de crimes. A glória de Deus não é encarecida, perpetuando-se desta maneira o pecado, em constante aumento, através de eras sem fim.
Está além do poder do espírito humano avaliar o mal que tem sido feito pela heresia do tormento eterno. A religião da Bíblia, repleta de amor e bondade, e abundante de misericórdia, é obscurecida pela superstição e revestida de terror. Ao considerarmos em que cores falsas Satanás esboçou o caráter de Deus, surpreender-nos-emos de que nosso misericordioso Criador seja receado, temido e mesmo odiado? As opiniões aterrorizadoras acerca de Deus, que pelos ensinos do púlpito são espalhadas pelo mundo, têm feito milhares, e mesmo milhões de cépticos e incrédulos.
A teoria do tormento eterno é uma das falsas doutrinas que constituem o vinho das abominações de Babilônia, do qual ela faz todas as nações beberem. Apocalipse 14:8; 17:2. Que ministros de Cristo hajam aceito esta heresia e a tenham proclamado do púlpito sagrado, é na verdade um mistério. Eles a receberam de Roma, assim como receberam o falso sábado. É verdade que tem sido ensinada por homens eminentes e piedosos; mas a luz sobre tal assunto não lhes chegou como a nós. Eram responsáveis apenas pela luz que resplandecia em seu tempo; nós o somos pela que brilha em nossa época. Se nos desviamos do testemunho da Palavra de Deus, aceitando falsas doutrinas porque nossos pais as ensinaram, caímos sob a condenação pronunciada sobre Babilônia; estamos a beber do vinho de suas abominações.
Numerosa classe, para a qual a doutrina do tormento eterno é revoltante, é levada ao erro oposto. Vêem que as Escrituras representam a Deus como um ser de amor e compaixão, e não podem crer que Ele destine Suas criaturas aos fogos de um inferno eternamente a arder. Crendo, porém, ser a alma de natureza imortal, não percebem outra alternativa senão concluir que toda a humanidade se salvará, por fim. Muitos consideram as ameaças da Bíblia como sendo meramente destinadas a amedrontar os homens para a obediência, e não para se cumprirem literalmente. Assim o pecador pode viver em prazeres egoístas, desatendendo aos preceitos de Deus, e não obstante esperar ser, ao final, recebido em Seu favor. Esta doutrina, admitindo a misericórdia de Deus, mas passando por alto Sua justiça, agrada ao coração carnal, e torna audazes os ímpios em sua iniqüidade.
A fim de mostrar como os crentes na salvação universal torcem as Escrituras para sustentarem seus dogmas destruidores de almas, basta citar suas próprias declarações. Nos funerais de um jovem irreligioso, que tivera morte instantânea em um desastre, um ministro universalista escolheu como texto a declaração das Escrituras relativa a Davi: "Já se tinha consolado acerca de Amnom, que era morto." II Sam. 13:39.
"Sou freqüentemente interrogado", disse o orador, "sobre qual será a sorte dos que deixam o mundo em pecado, que morrem, talvez, em estado de embriaguez, morrem sem ter lavado das manchas escarlates do crime as suas vestes, ou como este jovem sucumbiu, nunca tendo feito qualquer profissão ou gozado experiência religiosa. Estamos contentes com as Escrituras; sua resposta resolverá o terrível problema. Amnom era muitíssimo pecador; ele não estava arrependido, fizeram-no embriagar-se, e, estando em estado de embriaguez, foi morto. Davi era profeta de Deus; ele deveria saber se iria mal ou bem com Amnom no mundo vindouro. Quais foram as expressões de seu coração? "Então tinha o rei Davi saudades de Absalão, porque já se tinha consolado acerca de Amnom, que era morto."
"E qual é a inferência a fazer-se desta linguagem? Não é que o sofrimento intérmino não fazia parte de sua crença religiosa? Assim o concebemos; e aqui descobrimos um argumento triunfante em apoio da mais agradável, mais iluminada, mais benévola hipótese da pureza e paz, universal e final. Consolou-se, vendo que o filho estava morto. E por que isto? Porque, pelos olhos da profecia, podia vislumbrar o glorioso futuro, e ver aquele filho afastado para longe de toda tentação, livre do cativeiro, e purificado das corrupções do pecado, e depois de se haver tornado suficientemente santo e esclarecido, admitido na assembléia dos espíritos elevados e jubilosos. Seu único conforto era que, sendo removido do presente estado de pecado e sofrimento, seu amado filho fora para o lugar em que o mais elevado bafejo do Espírito Santo cairia sobre a sua alma entenebrecida; em que seu espírito se desdobraria à sabedoria do Céu e aos suaves transportes do amor imortal, e assim se prepararia com a natureza santificada para gozar o repouso e companhia da herança celestial.
"Nesse sentido é que desejamos ser compreendidos como crentes que somos de que a salvação do Céu não depende de coisa alguma que possamos fazer nesta vida; nem da mudança do coração, feita presentemente, nem da crença atual nem de uma profissão religiosa."
Assim reitera o professo ministro de Cristo a falsidade proferida pela serpente no Éden: "Certamente não morrereis." "No dia em que dele comerdes se abrirão os vossos olhos, e sereis como Deus." Ele declara que o mais vil pecador - o assassino, o ladrão, o adúltero - estarão depois da morte preparados para entrar na bem-aventurança eterna.
E donde tira este adulterador das Escrituras as suas conclusões? De uma simples sentença que exprime a submissão de Davi aos desígnios da Providência. Ele "tinha ... saudades de Absalão: porque já se tinha consolado acerca de Amnom, que era morto." Tendo-se o pungimento desta dor abrandado pelo tempo, seus pensamentos volveram do filho morto para o vivo, o qual se exilara pelo medo do justo castigo de seu crime. E esta é a prova de que o incestuoso e bêbado Amnom foi à sua morte imediatamente transportado para as bem-aventuradas habitações, a fim de ser ali purificado e preparado para a companhia dos anjos sem pecado! Fábula aprazível, por certo, muito apropriada para satisfazer o coração carnal! Esta é a própria doutrina de Satanás, e ela realiza a sua obra eficazmente. Deveríamos surpreender-nos de que, com tal instrução, prevaleça a impiedade?
O caminho seguido por este falso ensinador ilustra o de muitos outros. Umas poucas palavras das Escrituras são separadas do contexto, o qual, em muitos casos, mostraria ser o seu sentido exatamente o contrário da interpretação a elas dada; e tais passagens desconexas são pervertidas e usadas em prova de doutrinas que não têm fundamento na Palavra de Deus. O testemunho citado como prova de que o bêbado Amnom está no Céu, é uma simples conjectura, contradita terminantemente pela declaração expressa e positiva das Escrituras, de que nenhum bêbado herdará o reino de Deus (I Cor. 6:10). Assim é que os que duvidam, os descrentes, e os cépticos, mudam a verdade em mentira. E multidões têm sido enganadas por seus sofismas, e embaladas para adormecerem no berço da segurança carnal.
Se fosse verdade que a alma passa diretamente para o Céu na hora do falecimento, bem poderíamos então anelar a morte em lugar da vida. Por esta crença, muitos têm sido levados a pôr termo à existência. Quando dominados pelas dificuldades, perplexidades e desapontamento, parece coisa fácil romper o tênue fio da vida e voar além, para as bênçãos do mundo eterno.
Deus deu em Sua Palavra prova decisiva de que punirá os transgressores de Sua lei. Os que se lisonjeiam de que Ele é muito misericordioso para exercer justiça contra o pecador, apenas têm de olhar para a cruz do Calvário. A morte do imaculado Filho de Deus testifica que "o salário do pecado é a morte", que toda violação da lei de Deus deve receber sua justa paga. Cristo, que não tinha pecado, Se fez pecado pelo homem. Arrostou a culpa da transgressão, sendo-Lhe ocultado o rosto do Pai, até se Lhe quebrantar o coração e desfazer a vida. Todo esse sacrifício foi feito a fim de os pecadores poderem ser remidos. De nenhum outro modo conseguiria o homem livrar-se da pena do pecado. E toda alma que se recusa a tornar-se participante da expiação provida a tal preço, deve levar em si própria a culpa e o castigo da transgressão.
Consideremos o que a Bíblia ensina ainda concernente aos ímpios e impenitentes, os quais os universalistas colocam no Céu, como anjos santos e felizes.
"A quem quer que tiver sede, de graça lhe darei da fonte da água da vida." Apoc. 21:6. Esta promessa é apenas para os que têm sede. A pessoa alguma, a não ser os que sentem sua necessidade da água da vida, e a procuram, seja qual for o preço, será ela provida. "Quem vencer herdará todas as coisas; e Eu serei seu Deus, e ele será Meu filho." Apoc. 21:7. Aqui, também, se especificam condições. A fim de herdar todas as coisas, devemos resistir ao pecado e vencê-lo.
O Senhor declara pelo profeta Isaías: "Dizei aos justos que bem lhes irá." "Ai do ímpio! mal lhe irá, porque a recompensa das suas mãos se lhe dará." Isa. 3:10 e 11. "Ainda que o pecador faça mal cem vezes, e os dias se lhe prolonguem, eu sei com certeza que bem sucede aos que temem a Deus, aos que temerem diante dEle. Mas ao ímpio não irá bem." Ecl. 8:12 e 13. E Paulo testifica que o pecador está entesourando para si "ira ... no dia da ira e da manifestação do juízo de Deus; o qual recompensará cada um segundo suas obras"; "tribulação e angústia sobre toda a alma do homem que obra o mal". Rom. 2:5, 6 e 9.
"Nenhum fornicário, ou impuro, ou avarento, o qual é idólatra, tem herança no reino de Cristo e de Deus." Efés. 5:5. "Segui a paz com todos, e a santificação, sem a qual ninguém verá o Senhor." Heb. 12:14. "Bem-aventurados aqueles que guardam os Seus mandamentos, para que tenham direito à árvore da vida, e possam entrar na cidade pelas portas. Ficarão de fora os cães, e os feiticeiros, e os que se prostituem, e os homicidas, e os idólatras, e qualquer que ama e comete a mentira." Apoc. 22:14 e 15.
Deus deu aos homens uma revelação de Seu caráter, e de Seu método de tratar com o pecado: "Jeová, o Senhor, Deus misericordioso e piedoso, tardio em iras, e grande em beneficiência e verdade; que guarda a beneficência em milhares; que perdoa a iniqüidade, e a transgressão, e o pecado; que ao culpado não tem por inocente." Êxo. 34:6 e 7. "Todos os ímpios serão destruídos." "Quanto aos transgressores, serão à uma destruídos e as relíquias dos ímpios todas perecerão." Sal. 145:20; 37:38. O poder e autoridade do governo divino serão empregados para abater a rebelião; contudo, todas as manifestações de justiça retribuidora serão perfeitamente coerentes com o caráter de Deus, como um ser misericordioso, longânimo e benévolo.
Deus não força a vontade ou o juízo de ninguém. Não tem prazer na obediência servil. Deseja que as criaturas de Suas mãos O amem porque Ele é digno de amor. Quer que Lhe obedeçam porque reconhecem inteligentemente Sua sabedoria, justiça e benevolência. E todos os que possuem concepção justa destas qualidades, amá-Lo-ão porque são atraídos para Ele e Lhe admiram os atributos.
Os princípios de bondade, misericórdia e amor, ensinados e exemplificados por Jesus Cristo, são um transunto da vontade e caráter de Deus. Cristo declarou que Ele nada ensinava a não ser o que recebera do Pai. Os princípios do governo divino estão em perfeita harmonia com os preceitos do Salvador: "Amai vossos inimigos." Deus executa justiça sobre os ímpios, para o bem do Universo, e mesmo daqueles sobre quem Seus juízos são aplicados. Ele os faria ditosos, se o pudesse fazer de acordo com as leis de Seu governo e a justiça de Seu caráter. Cerca-os de manifestações de Seu amor, confere-lhes conhecimento de Sua lei, acompanhando-os com o oferecimento de Sua misericórdia; eles, porém, Lhe desprezam o amor, anulam a lei e rejeitam a misericórdia. Ao mesmo tempo em que constantemente recebem Seus dons, desonram o Doador; odeiam a Deus porque sabem que Ele aborrece os seus pecados. O Senhor suporta a sua perversidade; mas virá finalmente a hora decisiva, em que se deve decidir o seu destino. Acorrentará Ele então esses rebeldes a Seu lado? Forçá-los-á a fazerem a Sua vontade?
Os que escolheram a Satanás como chefe, e por seu poder têm sido dirigidos, não estão preparados para comparecer à presença de Deus. O orgulho, o engano, a licenciosidade, a crueldade, fixaram-se em seu caráter. Podem eles entrar no Céu, para morar para sempre com aqueles a quem desprezaram e odiaram na Terra? A verdade nunca será agradável ao mentiroso; a humildade não satisfará o conceito de si mesmo e o orgulho; a pureza não é aceitável ao corrupto; o amor abnegado não parece atrativo ao egoísta. Que fonte de gozo poderia oferecer o Céu para os que se acham totalmente absortos nos interesses terrenos e egoístas?
Poderiam aqueles cuja vida foi empregada em rebelião contra Deus, ser subitamente transportados para o Céu, e testemunhar o estado elevado e santo de perfeição que ali sempre existe, estando toda alma cheia de amor, todo rosto irradiando alegria, ecoando em honra de Deus e do Cordeiro uma arrebatadora música em acordes melodiosos, e fluindo da face dAquele que Se assenta sobre o trono uma incessante torrente de luz sobre os remidos; sim, poderiam aqueles cujo coração está cheio de ódio a Deus, à verdade e santidade, unir-se à multidão celestial e participar de seus cânticos de louvor? Poderiam suportar a glória de Deus e do Cordeiro? Não, absolutamente; anos de graça lhes foram concedidos, a fim de que pudessem formar caráter para o Céu; eles, porém, nunca exercitaram a mente no amor à pureza; nunca aprenderam a linguagem do Céu, e agora é demasiado tarde. Uma vida de rebeldia contra Deus incapacitou-os para o Céu. A pureza, santidade e paz dali lhes seriam uma tortura; a glória de Deus seria um fogo consumidor. Almejariam fugir daquele santo lugar. Receberiam alegremente a destruição, para que pudessem esconder-se da face dAquele que morreu para os remir. O destino dos ímpios se fixa por sua própria escolha. Sua exclusão do Céu é espontânea, da sua parte, e justa e misericordiosa da parte de Deus.
Semelhantes às águas do dilúvio, os fogos do grande dia declaram o veredicto divino, de que os ímpios são incorrigíveis. Não se sentem dispostos a submeter-se à autoridade divina. Sua vontade foi exercitada na revolta; e, ao terminar a vida, é demasiado tarde para fazer voltar o curso de seus pensamentos em direção oposta, tarde demais para volverem da transgressão à obediência, do ódio ao amor.
Poupando a vida do assassino Caim, Deus deu ao mundo um exemplo do resultado que adviria de permitir que o pecador vivesse para continuar o caminho de desenfreada iniqüidade. Pela influência do ensino e exemplo de Caim, multidões de seus descendentes foram levadas ao pecado, até que "a maldade do homem se multiplicara sobre a Terra", e "toda a imaginação dos pensamentos de Seu coração era só má continuamente". "A Terra, porém, estava corrompida diante da face de Deus; e encheu-se a Terra de violência." Gên. 6:5 e 11.
Em misericórdia para com o mundo, Deus suprimiu seus ímpios habitantes no tempo de Noé. Em misericórdia, destruiu os corruptos habitantes de Sodoma. Mediante o poder enganador de Satanás, os praticantes da iniqüidade obtêm simpatia e admiração, e estão assim constantemente levando outros à rebeldia. Assim foi ao tempo de Caim e Noé, e ao tempo de Abraão e Ló; assim é em nosso tempo. É em misericórdia para com o Universo que Deus finalmente destruirá os que rejeitam a Sua graça.
"O salário do pecado é a morte; mas o dom gratuito de Deus é a vida eterna, por Cristo Jesus nosso Senhor." Rom. 6:23. Ao passo que a vida é a herança dos justos, a morte é a porção dos ímpios. Moisés declarou a Israel: "Hoje te tenho proposto a vida e o bem, e a morte e o mal." Deut. 30:15. A morte a que se faz referência nestas passagens, não é a que foi pronunciada sobre Adão, pois a humanidade toda sofre a pena de sua transgressão. É a "segunda morte" que se põe em contraste com a vida eterna.
Em conseqüência do pecado de Adão, a morte passou a toda a raça humana. Todos semelhantemente descem ao sepulcro. E, pelas providências do plano da salvação, todos devem ressurgir da sepultura. "Há de haver ressurreição de mortos, assim dos justos como dos injustos" (Atos 24:15); "assim como todos morrem em Adão, assim também todos serão vivificados em Cristo." I Cor. 15:22. Uma distinção, porém, se faz entre as duas classes que ressuscitam. "Todos os que estão nos sepulcros ouvirão a Sua voz. E os que fizeram o bem, sairão para a ressurreição da vida; e os que fizeram o mal para a ressurreição da condenação." João 5:28 e 29. Os que foram "tidos por dignos" da ressurreição da vida, são "bem-aventurados e santos". "Sobre estes não tem poder a segunda morte." Apoc. 20:6. Os que, porém, não alcançaram o perdão, mediante o arrependimento e a fé, devem receber a pena da transgressão: "o salário do pecado". Sofrem castigo, que varia em duração e intensidade, "segundo suas obras", mas que finalmente termina com a segunda morte. Visto ser impossível para Deus, de modo coerente com a Sua justiça e misericórdia salvar o pecador em seus pecados, Ele o despoja da existência, que perdeu por suas transgressões, e da qual se mostrou indigno. Diz um escritor inspirado: "Ainda um pouco, e o ímpio não existirá; olharás para o seu lugar e não aparecerá." E outro declara: "E serão como se nunca tivessem sido." Sal. 37:10; Obad. 16. Cobertos de infâmia, mergulham, sem esperança, no olvido eterno.
Assim se porá termo ao pecado, juntamente com toda a desgraça e ruína que dele resultaram. Diz o salmista: "Destruíste os ímpios; apagaste o seu nome para sempre e eternamente. Oh! inimigo! consumaram-se as assolações." Sal. 9:5 e 6. João, no Apocalipse, olhando para a futura condição eterna, ouve uma antífona universal de louvor, imperturbada por qualquer nota de discórdia. Toda criatura no Céu e na Terra atribuía glória a Deus. Apoc. 5:13. Não haverá então almas perdidas para blasfemarem de Deus, contorcendo-se em tormento interminável; tampouco seres desditosos no inferno unirão seus gritos aos cânticos dos salvos.
Sobre o erro fundamental da imortalidade inerente, repousa a doutrina da consciência na morte, doutrina que, semelhantemente à do tormento eterno, se opõe aos ensinos das Escrituras, aos ditames da razão, e a nossos sentimentos de humanidade. Segundo a crença popular, os remidos no Céu estão a par de tudo que ocorre na Terra, e especialmente da vida dos amigos que deixaram após si. Mas como poderia ser fonte de felicidade para os mortos o saberem das dificuldades dos vivos, testemunhar os pecados cometidos por seus próprios amados, e vê-los suportar todas as tristezas, desapontamentos e angústias da vida? Quanto da bem-aventurança celeste seria fruída pelos que estivessem contemplando seus amigos na Terra? E quão revoltante não é a crença de que, logo que o fôlego deixa o corpo, a alma do impenitente é entregue às chamas do inferno! Em quão profundas angústias deverão mergulhar os que vêem seus amigos passarem à sepultura sem se acharem preparados, para entrar numa eternidade de miséria e pecado! Muitos têm sido arrastados à insanidade por este inquietante pensamento.
Que dizem as Escrituras com relação a estas coisas? Davi declara que o homem não se acha consciente na morte. "Sai-lhes o espírito, e eles tornam-se em sua terra; naquele mesmo dia perecem os seus pensamentos." Sal. 146:4. Salomão dá o mesmo testemunho: "Os vivos sabem que hão de morrer, mas os mortos não sabem coisa nenhuma." "O seu amor, o seu ódio e a sua inveja já pereceram, e já não têm parte alguma neste século, em coisa alguma do que se faz debaixo do Sol." "Na sepultura, para onde tu vais, não há obra, nem indústria, nem ciência, nem sabedoria alguma." Ecl. 9:5, 6 e 10.
Quando, em resposta à sua oração, a vida de Ezequias foi prolongada quinze anos, o rei, agradecido, rendeu a Deus um tributo de louvor por Sua grande misericórdia. Nesse cântico ele dá a razão por assim se regozijar: "Não pode louvar-Te a sepultura, nem a morte glorificar-Te; nem esperarão em Tua verdade os que descem à cova. Os vivos, os vivos, esses Te louvarão, como eu hoje faço." Isa. 38:18 e 19. A teologia popular representa os justos mortos como estando no Céu, admitidos na bem-aventurança, e louvando a Deus com língua imortal; Ezequias, porém, não pôde ver tal perspectiva gloriosa na morte. Com suas palavras concorda o testemunho do salmista: "Na morte não há lembrança de Ti; no sepulcro quem Te louvará?" "Os mortos não louvam ao Senhor, nem os que descem ao silêncio." Sal. 6:5; 15:17.
Pedro, no dia de Pentecoste, declarou que o patriarca Davi "morreu e foi sepultado, e entre nós está até hoje a sua sepultura". "Porque Davi não subiu aos Céus." Atos 2:29 e 34. O fato de Davi permanecer na sepultura até à ressurreição, prova que os justos não ascendem ao Céu por ocasião da morte. É unicamente pela ressurreição, e em virtude de Jesus haver ressuscitado, que Davi poderá finalmente assentar-se à destra de Deus.
E Paulo disse: "Se os mortos não ressuscitam, também Cristo não ressuscitou. E, se Cristo não ressuscitou, é vã a vossa fé, e ainda permaneceis nos vossos pecados. E também os que dormiram em Cristo estão perdidos." I Cor. 15:16-18. Se durante quatro mil anos os justos tivessem à sua morte ido diretamente para o Céu, como poderia Paulo ter dito que se não há ressurreição "os que dormiram em Cristo estão perdidos"? Não seria necessário ressurreição.
O mártir Tyndale, referindo-se ao estado dos mortos, declarou: "Confesso abertamente que não estou persuadido de que eles já estejam na plena glória em que Cristo Se acha, ou em que estão os anjos eleitos de Deus. Tampouco é isto artigo de minha fé; pois, se assim fosse, não vejo nisto senão que o pregar a ressurreição da carne seria coisa vã." - Prefácio do "Novo Testamento" (edição de 1534), de Guilherme Tyndale.
É fato inegável que a esperança da imortal bem-aventurança ao morrer, tem determinado generalizada negligência da doutrina bíblica da ressurreição. Esta tendência foi notada pelo Dr. Adão Clarke, que disse: "A doutrina da ressurreição parece ter sido julgada de muito maiores conseqüências entre os primeiros cristãos do que o é hoje! Como é isto? Os apóstolos estavam continuamente insistindo nela, e concitando os seguidores de Cristo à diligência, obediência e animação por meio dela. E seus sucessores, na atualidade, raras vezes a mencionam! Pregavam-na os apóstolos, nela criam os primitivos cristãos; pregamo-la nós, e nela crêem nossos ouvintes. Não há doutrina no evangelho a que se dê maior ênfase; e não há doutrina no atual conjunto dos assuntos pregados, que seja tratada com maior negligência!" - Comentário Sobre o Novo Testamento, vol. 2 (acerca de I Coríntios 15).
Este estado de coisas tem continuado a ponto de ficar a gloriosa verdade da ressurreição quase totalmente obscurecida, e perdida de vista pelo mundo cristão. Assim o autor do Comentário acima referido explica as palavras de Paulo: "Para todo o fim prático de consolação, a doutrina da bem-aventurada imortalidade dos justos toma para nós o lugar de qualquer doutrina duvidosa acerca da segunda vinda do Senhor. Por ocasião de nossa morte o Senhor vem a nós. É isto que devemos esperar e aguardar. Os mortos já passaram para a glória. Não esperam a trombeta para o seu juízo e bem-aventurança."
Quando, porém, estava para deixar Seus discípulos, Jesus não lhes disse que logo iriam ter com Ele. "Vou preparar-vos lugar", disse Ele. "E, se Eu for, e vos preparar lugar, virei outra vez, e vos levarei para Mim mesmo." João 14:2 e 3. E diz-nos Paulo, mais, que "o mesmo Senhor descerá do Céu com alarido, e com voz de arcanjo, e com a trombeta de Deus; e os que morreram em Cristo ressuscitarão primeiro. Depois nós, os que ficarmos vivos, seremos arrebatados juntamente com eles nas nuvens, a encontrar o Senhor nos ares, e assim estaremos sempre com o Senhor." E acrescenta: "Consolai-vos uns aos outros com estas palavras." I Tess. 4:16-18. Quão grande é o contraste entre essas expressões de conforto e as do ministro universalista citadas acima! O último consolou os que foram despojados da companhia do seu ente querido, com a afirmação de que, por mais pecador que o morto pudesse haver sido, ao expirar aqui, seria recebido entre os anjos. Paulo aponta a seus irmãos a futura vinda do Senhor, quando os grilhões do túmulo serão quebrados, e os "mortos em Cristo" ressuscitarão para a vida eterna.
Antes de qualquer pessoa poder entrar nas mansões dos bem-aventurados, seu caso deverá ser investigado, e seu caráter e ações deverão passar em revista perante Deus. Todos serão julgados de acordo com as coisas escritas nos livros, e recompensados conforme tiverem sido as suas obras. Este juízo não ocorre por ocasião da morte. Notai as palavras de Paulo: "Tem determinado um dia em que com justiça há de julgar o mundo, por meio do Varão que destinou: e disto deu certeza a todos, ressuscitando-O dos mortos." Atos 17:31. Aqui o apóstolo terminantemente declara que um tempo específico, então no futuro, fora fixado para o juízo do mundo.
Judas se refere ao mesmo tempo: "Aos anjos que não guardaram o seu principado, mas deixaram a sua própria habitação, reservou na escuridão, e em prisões eternas, até ao juízo daquele grande dia." E cita ainda as palavras de Enoque: "Eis que é vindo o Senhor com milhares de Seus santos; para fazer juízo contra todos." Jud. 6, 14 e 15. João declara ter visto "os mortos, grandes e pequenos, que estavam diante do trono; e abriram-se os livros; ... e os mortos foram julgados pelas coisas que estavam escritas nos livros". Apoc. 20:12.
Se, porém, os mortos já estão gozando a bem-aventurança celestial, ou contorcendo-se nas chamas do inferno, que necessidade há de um juízo futuro? Os ensinos da Palavra de Deus acerca destes importantes pontos, não são obscuros nem contraditórios; podem ser compreendidos pela mente comum. Mas que espírito imparcial pode ver sabedoria ou justiça na teoria corrente? Receberão os justos, depois da investigação de seu caso no juízo, este elogio: "Bem está, servo bom e fiel. ... Entra no gozo do teu Senhor" (Mat. 25:21), quando eles estiveram morando em Sua presença, talvez durante longos séculos? São os ímpios convocados do lugar do tormento, para receberem esta sentença do Juiz de toda a Terra: "Apartai-vos de Mim, malditos, para o fogo eterno"? Mat. 25:41. Oh! sarcasmo solene! vergonhoso obstáculo à sabedoria e justiça de Deus!
A teoria da imortalidade da alma foi uma das falsidades que Roma tomou emprestadas do paganismo, incorporando-a à religião da cristandade. Martinho Lutero classificou-a entre as "monstruosas fábulas que fazem parte do monturo romano dos decretos". - O Problema da Imortalidade, de E. Petavel. Comentando as palavras de Salomão no Eclesiastes, de que os mortos não sabem coisa nenhuma, diz o reformador: "Outro passo provando que os mortos não têm. ... sentimento. Não há ali", diz ele, "deveres, ciência, conhecimento, sabedoria. Salomão opinou que os mortos estão a dormir, e nada sentem absolutamente. Pois os mortos ali jazem, não levando em conta nem dias nem anos; mas, quando despertarem, parecer-lhes-á haver dormido apenas um minuto." - Exposição do Livro de Salomão, Chamado Eclesiastes, de Lutero.
Em parte alguma nas Escrituras Sagradas se encontra a declaração de que é por ocasião da morte que os justos vão para a sua recompensa e os ímpios ao seu castigo. Os patriarcas e profetas não fizeram tal afirmativa. Cristo e Seus apóstolos não fizeram sugestão alguma a esse respeito. A Bíblia claramente ensina que os mortos não vão imediatamente para o Céu. Eles são representados como estando a dormir até à ressurreição (I Tess. 4:14; Jó 14:10-12). No mesmo dia em que se quebra a cadeia de prata, e se despedaça o copo de ouro (Ecl. 12:6), perecem os pensamentos dos homens. Os que descem à sepultura estão em silêncio. Não mais sabem de coisa alguma que se faz debaixo do Sol (Jó 14:21). Bendito descanso para o justo cansado! Seja longo ou breve o tempo, não é para eles senão um momento. Dormem, e são despertados pela trombeta de Deus para uma imortalidade gloriosa. "Porque a trombeta soará, e os mortos ressuscitarão incorruptíveis. ... Quando isto que é corruptível se revestir da incorruptibilidade, e isto que é mortal se revestir da imortalidade, então cumprir-se-á a palavra que está escrita: Tragada foi a morte na vitória." I Cor. 15:52-54. Ao serem eles chamados de seu profundo sono, começam a pensar exatamente onde haviam parado. A última sensação foi a agonia da morte, o último pensamento o de que estavam a cair sob o poder da sepultura. Ao se levantarem da tumba, seu primeiro alegre pensamento se expressará na triunfante aclamação: "Onde está, ó morte, o teu aguilhão? Onde está, ó inferno, a tua vitória?" I Cor. 15:55.
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